Eram uma vez três irmãos.
O mais pequenino tinha os olhinhos azuis, o cabelo loiro e as faces rosadascomo cerejas.
Era assim muito bonito. E quanto a bom coração nem se fala. Certa vez, dera a sua merenda a um pobrezinho; e outra encontrando um cãozinho que tinha uma perna partida, tomára-o ao colo e transportára-o para casa, onde cuidara dele até que sarasse.
Em contrapartida, os seus dois manos eram feios e invejosos.
- Ah! Quem me dera trincar aquelas maçãs!
São, na verdade, de fazer crescer água na boca... Chegando à serra, puseram-se as cabrinhas apastar. E o menino, enquanto as guardava, mais uma vez desabafou, porém agora em voz alta: - Ah! Quem me dera trincar aquelas maçãs! São, na verdade, de fazer crescer água na boca...
- Não tenhas pena, meu lindo menino, das maçãs do caminho, porque dou-te estas, que valem muito mais, pois são de ouro e livram o dono da morte. Por isso, não as dê a ninguém... a não ser aos teus paizinhos. E continua a portar-te bem, que Nosso Senhor sempre te ajudará...
Por artes de berenguendém e berloques, sumiu-se a fada, deixando o rapazote muito satisfeito com a prenda. Masveio a tardinha, e o menino tomou o caminho de casa, mais as suas cabrinhas. E, andando um largo pedaço do caminho, apareceram-lhe os dois manos, que, ao verem as maçãzinhas de ouro, logo as cobiçaram e lhes pediram. Ele negou-se, porém, a dar-lhes. Então, os irmãos bateram-lhe tanto com um pau, que ele caiu por terra como morto. Posto isto, tentaram abrir-lhe as mãos, para lhe tirar as maçãzinhas. Mas qual quê?! Quanto mais esforço despendiam, mais as mãos dele apertavam as maçãs. E, vendo que eram inúteis todas as suas tentativas, abriram uma cova e enterraram-no. Pensaram os pais do menino que tinham sido os lobos da serra os causadores do seu desaparecimento e, por isso, julgando-o já na barriga dos mesmos choraram grossas lágrimas, pois eram muito seus amigos. Mas, na cova daquele, não tardou que crescesse uma cana. E um pastor cortou-a e fez dela uma flauta. A levá-la aos lábios, em vez de tocar, falou: "Toca, toca, ó pastor, Perante tamanha maravilha, o pastor, encontrando um carvoeiro, propôs-lhe: "Toca, toca, ó carvoeiro, Passou a flauta de mão em mão, repetindo-se sempre, com pequenas variações, os dizeres, até que foi ter às mão dos pais do menino. E levando-a aos lábios, a mesma também afirmou: "Toca, toca ó meu pai... Largaram os pais a flauta e logo perguntaram ao pastor onde a cortara. E este depressa os conduziu ao local. Aí, cavando, encontraram o menino, que imediatamente abriu os olhinhos e se ergueu, a oferecer-lhes as maçãzinhas, com as seguintes palavras:
- Tomai-as, que estais velhos e, com tal remédio, não há mal que vos pegue. E àquele sucedeu o mesmo, quando, por sua vez, a entregou ao seu filho. E os dois irmãos malvados? Essa história também foi enviada pela Mónica! Que linda! |
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